data-filename="retriever" style="width: 100%;">Mateus é meu amigo de verão, e como diz o ditado: "amor de praia não sobe a serra", nossa amizade fica no mar.
Há alguns anos nos encontramos, ele me visita, relata as aventuras do ano, me faz perguntas, pede explicações, rimos, jogamos, observamos, filosofamos sobre o ventilador de teto, e comemos bolachas d'água sem nada.
2019 lhe foi rico em descobertas culturais, o que enriqueceu seu vocabulário e nos rendeu boas histórias, piadas, caretas, mímicas, e até uma dancinha.
Amigo é assim, pode-se ter apenas um encontro uma vez por ano que basta, pois ele é parte de nós, completa nossa existência cheia de apegos e separações que provocam sofrimento, desolação, solidão, frustração e saudades dos momentos vividos juntos.
Nossas separações, como a de muitos amigos, tem sido um itinerário de crescimento pessoal, e nossos reencontros a materialização da felicidade, nos fazendo experimentar bons momentos de parceria, cumplicidade, e promessas de guardar segredo dos relatos.
Mateus é uma dessas pessoas que fazem meu verão valer a pena, ele me desafia na viagem ao autoconhecimento com suas perguntas simples e objetivas me fazendo ver como é significativo ter uma amizade. Ninguém disse que devemos nos dar bem com todos; pelo contrário, muitas vezes rejeitar ou ser rejeitado por certos traços da personalidade dá sentido de objetividade e consistência `a realidade individual. Torna-se necessário, não só como autodefesa, mas também como afirmação positiva da própria realidade. Ter só um amigo gentil e cordial, respeitoso e preciso, com envolvimento continuo e regular basta para nos conduzir pela via do bem.
Neste verão, três histórias do Mateus e um convite me sensibilizaram: o convite é para eu ir ao seu aniversário na escolinha em Porto Alegre.
A 1ª história foi do grande acontecimento do dia dos pais na escola, os preparativos, as surpresas, e a atividade com presente e muito mais.
A 2ª é a viagem que planeja ao Rio de Janeiro, especificamente para circular no Leblon e rever a casa de seus avós. Ele não sabe dizer se é nova ou velha, mas que é recheada de coisas que povoam a afetividade e registram o mundo vivido de seus familiares. Está certo que isso enriquecerá seu conhecimento e ficará na memória como um evento familiar.
A 3ª é sobre a "noite do pijama" na escola. Pela primeira vez, dormiu no colégio, mas fez xixi no colchonete, e isso me relatou ao pé do ouvido, pois vinha com um misto de preocupação, desapontamento e riso. Diante do relato eu lhe acalmei: "fique tranqüilo, agora farás 5 anos, daqui a pouco aprenderás a te controlar e não acontecerá mais este desastre". Pois é, não importa se o amigo tem 5, 50 ou 90 anos, o importante é o que representa para nós. Mateus é isso, um amigo que preenche meu verão.
Caro leitor, você tem um amigo de estação?